segunda-feira, 23 de julho de 2018

O mar, o surf e o yoga.

O mar, o surf e o yôga

Aloha! 

 

Eu não consigo me lembrar quando foi a primeira vez que vi o mar, mas consigo me lembrar perfeitamente as vezes que passei algum tempo longe dele.

Quando eu era pequena me lembro do meu pai me cuidando na beirola, podia estar o frio que fosse, chovendo... lá estava ele firme e forte, cuidando de mim!

O yôga também foi uma "coisa" que surgiu na minha vida antes mesmo de eu entender o que era. Naquela época haviam pouquíssimos professores, e olha que eu morava em uma cidade bem grande, no caso, São Paulo, minha cidade natal.

Antes mesmo de ter tido algum contato com o yôga, de praticar, eu já tinha uma identificação com a filosofia. Eu desenhava as posições do yôga (os ásanas), sem nem mesmo entender direito ainda o que estava fazendo. 

Comecei a estudar o yôga através de livros, ia a uma loja de artigos médicos, onde nos fundos, meio que escondida, havia uma livraria com livros da Maçonaria, da Rosa Cruz, filosofia, artes médicas. Essa livraria me foi apresentada por um amigo, que também praticava yôga por conta própria. Depois comecei a estudar com outros amigos e esses amigos finalmente me levaram a alguns professores. 

Havia em São Paulo uma escola que não era divulgada, não havia endereço, nem telefone em nenhum catálogo, mas consegui através de uma amiga repórter o endereço e lá fui e comecei a estudar nessa escola que ficava próxima à faculdade FAAP. 

O surf também foi um tanto quanto difícil começar a fazer parte da minha vida, afinal de contas morávamos na capital e íamos à praia apenas nas férias, antes do meu pai comprar uma casa na praia.  E mesmo depois que morávamos lá, eu não tinha minha prancha, pois não tínhamos condiçoes de comprar. Mas eu surfava no peito, e pegava emprestada a prancha dos amigos. Mas eu era muito haole - e ainda sou!

Acredito que nada acontece por acaso na vida da gente, e em uma época da minha adolecência, ao lado da casa na capital, intalou-se uma surf shop, bem conhecida em São Paulo na época. Eram dois irmãos e gêmeos, os donos da loja. Fiz uma amizade daquelas que existiam antigamente, com um dos gêmeos, quando eu fazia pão ou bolo ele sentia o cheiro lá da loja e vinha me pedir pelo muro...Nos finais de semana eu ia para Santos com ele, e lá comecei a surfar com uma nove pés (se é que pode se chamar isso de surf). Acredito que ali eu já esboçava algo que fiz posteriormente, o Yoga Sup.

O tempo passou e muita coisa aconteceu em minha vida, muitas mudanças... e fui morar em Salvador, onde comecei a praticar o bodyboard, mas era free surfer, nada sério - mas meu amor pelo mar e pelo yôga eram dominantes. Dava aulas de yoga pela manhã e à noite normalmente, e sempre que podia, corria para o mar. Haviam dias em que ficava 6 horas dentro da água! outros ia surfar 3xs no dia...

Lá em Salvador foi onde comecei a dar aulas de yôga na praia, e normalmente eram para meus amigos que também surfavam. Era marcante o quanto o yôga complementava o surf! Depois quando voltei ao Rio Grande do Sul, tivémos um projeto também, em Tramandaí, denominado As Gurias da Praia, com Carolina Feiten, onde remávamos de stand up paddle e praticávamos yôga no sup.

Mais mudanças ocorreram em minha vida, e muito sem querer comecei a competir no bodyboard. Até hoje me lembro de uma coisa que Leandro Luz, o atual presidente da Federação Gaúcha de Bodyboard, quando eu disse para ele que não sabia surfar o bastante para competir, e ele me disse que o amor que eu tinha bastava. Nesse ano fui a vice campeã gaúcha de bodyboard. 

Em muitos momentos da minha vida tive pessoas importantes, que foram representativas para eu ser quem eu sou hoje: professores, amigos, surfistas... meu pai! Na vida da gente precisamos em muitos momentos de pessoas que olhem para a gente, que nos enxerguem como realmente somos, e nos ajudem a tornar-mo-nos o melhor que possamos ser. A gente não precisa ser rico, ser famoso, a gente só precisa ser gente! Gente precisa de gente! precisamos de amor, atenção, e ter quem nos estenda a mão. 

O Projeto Surfar aconteceu de uma maneira tão espontânea,  indo de encontro à minha filosofia de vida (o yôga) e ao meu amor maior (o surf). Impossível não se envolver! É gratificante poder partilhar um pouco do que que sei, e aprender muito mais! Hoje em dia, mais que nunca nossos jovens precisam de atenção, amor, carinho e cuidado. Vivemos trancados em um mundo, cerciados pela violência, onde as drogas são uma sombra sobre a sociedade. O esporte é saúde, o contato com o mar é terapia, e as amizades que se fazem dentro da água, muitas vezes são para a vida inteira. Jonas Brocca e Iuri Silva fazem um trabalho maravilhoso com os as crianças e os jovens de Torres, e eu só tenho a agradecer pela oportunidade de estar com vocês, praticarmos yoga e surfarmos juntos! 

Mahalo!